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A muriçoca soca: bandas se passam pelo Rei da Cacimbinha vendendo shows falsos pelo Brasil


John Falcão, o Rei da Cacimbinha originalDivulgação
A banda Rei da Cacimbinha não tem nem seis meses de existência, mas já é dona de um grande sucesso: Muriçoca. Só no YouTube, o vídeo da música tem aproximadamente 2,5 milhões de visualizações. Além disso, famosos como o jogador de futebol Fred, Gusttavo Lima e Ivete Sangalo já gravaram vídeos cantando trechos desse fenômeno baiano.
A exposição ajuda o grupo a manter a agenda lotada com cerca de 20 shows por mês, mas ao mesmo tempo despertou o interesse de plagiadores de bandas. Segundo o empresário Carlos Mais, que representa o Rei da Cacimbinha em São Paulo, cerca de 20 conjuntos copiam o artista original pelo país
Em São Paulo foram descobertos quatro casos. Os nomes usados são semelhantes, o logotipo quase sempre é parecido, o repertório é o mesmo e os cantores se caracterizam como John Falcão, de terno azul, chapéu e um girassol na lapela. Carlos diz que já tentou entrar em contato com os empresários responsáveis pelas cópias, mas não foi atendido.
— Como vamos fazer oito shows em São Paulo a partir do dia 21, alguns aproveitadores criaram clones para tocar uma semana antes, confundir contratantes, além de ludibriar e roubar nosso público. Já entramos na justiça contra eles, mas talvez não tenhamos tempo necessário para embargar os shows, que acontecem nom fim de semana do Carnaval.
Duas das bandas que se passam pelo Rei da CacimbinhaDivulgação
Caso comum
Clones de bandas de forró, axé, calipso e arrocha são comuns pelo Brasil. Na página oficial do vocalista do Rei da Cacimbinha, há dezenas de pôsteres com denúncias contra os imitadores. Gasparzinho (Vai no Cavalinho) e banda Luxúria (Gordinho Gostoso), ícones no Nordeste, também sofrem com os falsificadores, que criam grupos para atender demandas locais.

Em 19 de abril de 2014, na cidade mineira de João Monlevade, um grupo que se passava pela Banda Gasparzinho causou um verdadeiro tumulto na casa de shows Garage Hall. Ao descobrir que não se tratava do grupo original, o público exigiu que os músicos abandonassem o palco e que os ingressos fossem ressarcidos. 
O cachê dos imitadores, porém, é mais modesto. Enquanto hoje um show do Rei da Cacimbinha custa até R$ 65 mil, o do clone toca pela metade do valor. Procurado, Donizete Alves, empresário que tem seu telefone publicado em um dos pôsteres de divulgação do show de uma banda que copia O Rei da Cacimbinha, negou envolvimento com o caso. 
— Desconheço o assunto. O papel aceita tudo. Colocaram meu telefone por engano.
Pôster de show na casa Via Sampa com o falso Rei da CacimbinhaReprodução
Zé Maranhão, apontado pela produção da banda original como suposto organizador das apresentações de um dos grupos falsos, se defende e diz que nunca vendeu clones do Rei da Cacimbinha.
— Nunca vendi, pois ainda não tive oportunidade. Porém, se as acusações continuarem, eu monto uma banda clone do Rei da Cacimbinha e registro no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). Todos podem fazer isso. Sou dono do grupo Rei da Luxúria, que é inspirado no Luxúria, da Bahia. Mas não é um clone. Tenho registro. É tudo legalizado. É assim que funciona.
As casas de shows também não parecem se preocupar com esse tipo de evento. O Via Sampa, localizado na zona sul de São Paulo, divulgou um pôster com contato para a venda de ingressos e camarotes de uma banda chamada Rei da Kacimbinha (que se diferencia da original apenas pela inclusão da letra K no nome). Entramos em contato com a casa, mas ninguém atendeu.


Carlos Mais diz que já procurou o INPI para acelerar o processo de registro do nome Rei da Cacimbinha, mas por enquanto ele só conseguiu um documento que comprova a solicitação.

— A liberação é demorada. Às vezes, precisamos esperar por anos. E assim outras bandas aproveitam a situação, pois não há um registro oficial. Mas o nosso pedido está lá. Fomos os primeiros a solicitar o registro. Isso prova que somos a banda autêntica.

R7

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